terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Jarrett Jack Effect - The Mark Jackson Movement


Quando pensamos na presente época da NBA, vem-nos logo à cabeça a ruptura vertiginosa (e, para os fãs, dolorosa) entre as expectativas criadas e a actual campanha dos Lakers. Esse é sem dúvida o facto mais distinto desta época, e a confirmar-se a ausência da mais famosa equipa de Los Angeles dos playoff, será certamente um caso a ser estudado (como depois de todos os grandes desastres, a incredulidade tem obnubilado toda a explicação plausível, e ninguém concorda plenamente sobre as verdadeiras causas da catástrofe) durante anos e a que iremos aludir quando nos quiserem fazer passar uma lista de jogadores de basquetebol individualmente muito valiosos como uma certeza, para lá de toda e qualquer dúvida, de que temos ali uma grande equipa – como, de certo modo, no futebol já o fazemos devido ao relativo desapontamento que foram os galácticos de Madrid. No entanto, o actual grande flop dos Lakers, e a enxurrada argumentativa à sua volta, tem arrastado para segundo, terceiro, quarto ou plano nenhum, a análise do grande sucesso desta época – a enorme e absolutamente anti-intuitiva campanha dos Warriors.
A equipa de Oakland, ao longo de vários anos comandada por Stephen Curry e Monta Ellis, a que depois se juntou o promissor David Lee, foi sempre apresentada como talentosa, capaz de obter pontuações absolutamente excepcionais e de fazer frente a qualquer adversário, cuja juventude implicava uma irregularidade que exigia paciência, obstinação, crença, pese embora os frutos deste sacrifício, em breve, sem dúvida se irem tornar indiscutíveis.
Porém, as épocas passavam, os falhanços das não idas aos playoff acumulavam-se, a maturidade não dava à costa, a irregularidade corroía a fé e consumia a paciência. Na época passada, a corda rompeu-se. Convencido das teses de que a equipa não evoluía devido à incapacidade do jogo interior (porque a mestria do exterior estava para lá de qualquer dúvida), numa troca que continha algum risco mas que foi elogiada de forma generalizada, o GM decidiu adquirir um poste portador de saúde duvidosa e abrir mão da sua principal estrela: assim, trocou Monta Ellis por Andrew Bogut. Mas quando esta época, logo no início, se tornou claro que a verdadeira capacidade física de Bogut – como, num caso semelhante, a de Bynum – tinha sido sobre-avaliada,  o desânimo foi tal, a descrença na melhoria dos resultados tão forte, que levou inclusive os responsáveis pela equipa a mentir aos fãs até ao último momento. Aquilo que parecia ter sido um movimento audaz, quem sabe o sempre necessário golpe de asa que abre a porta do sucesso, tinha-se tornado na causa inexorável dos próximos anos de penúria.
Até que a época começou. A equipa, a cada jogo se demonstrava mais competitiva; a tão desejada regularidade ganhadora, a cada série se prolongava; a estupefacção foi dando lugar a um cauteloso optimismo; e, hoje, ainda ninguém percebeu muito bem como a equipa já praticamente garantiu os playoff. Há quem aponte a estabilidade da saúde e, talvez devido a ela, nas exibições de Curry, juntando-se assim este ao sempre competente David Lee; não há quem deixe de fazer referência à evolução de Klay Thompson ou ao talento do rookie Harrison Barnes; e, mais timidamente, quem faça notar a boa época dos reforços vindos de New Orleans: Jarrett Jack e Carl Landry.
Quero defender que, se nenhuma destas causas é falsa, todas juntas também não parecem suficientes. Curry e Lee em 2010/2011 já jogavam juntos, ainda tinham a cooperação de Monta Ellis, e o sucesso não aconteceu; Klay Thompson pode ser acusado do pecado dos colegas a que se juntou: a extrema irregularidade; a época de Harrison Barnes parece claramente uma consequência, e não a causa, da boa orgânica da equipa; e os reforços pescados aos Hornets eram há muito conhecidos quando a desilusão e desentusiasmo causados pela lesão de Bogut eram tão grandes que podiam ser avistados do outro lado da Golden State Bridge.
Sem negar que outras causas para isso contribuíram, qual então a causa fundamental de todo este sucesso?
Para mim, um pequeno movimento táctico acrescentado por Mark Jackson esta época (ele que já era o treinador na desastrosa época passada) e que, se fosse apreendido por outras equipas da NBA, podia ser copiado com igual êxito: a deslocação, logo que o jogo aquece, de Stephen Curry para shooting guard, com o comando do jogo a ser entregue a um base competente na organização da equipa, mais preocupado com o critério e fluidez na circulação da bola do que com o cesto, capaz de dosear o ritmo e aumentar a eficácia do ataque e, através do controlo do jogo, da defesa – algo que Jarrett Jack tem feito na perfeição.
Mark Jackson, ele mesmo um ex-base com as características de Jack (outros há e houve na NBA; um dos recém retirados que vem à memória é o grande Steve Kerr; o exemplo actual mais óbvio pela longevidade é Andre Miller), compreendeu – ou talvez tenha sido obrigado a testar e logo percebeu – esta época que as dificuldades da equipa não derivavam da ausência de agressividade no jogo interior (Bogut fez 7 jogos, e julgo que em nenhum deles esteve 30 minutos em campo), nem da falta de regularidade do exterior (essa continua); o grande problema da equipa, e que agora foi resolvido, consistia em ter um shooting guard como guard, porque um shooting guard, por mais talentoso e capaz que seja, tem o instinto adestrado na direcção do cesto, e, quando os jogos se tornam complicados, o seu instinto tende a degenerar em individualismo, o individualismo em turnovers, os turnovers em instabilidade emocional, e, nos momentos chaves dos jogos, em derrotas - mesmo um jogador do calibre de Lebron, quando obrigado a executar nos últimos minutos uma função que lhe é anti-natura, não evita estes erros.
A equipa que em termos de regular season mais padece claramente do mesmo vírus são os Cavaliers – Kyrie Irving, que já é um dos melhores jogadores da Liga, nunca será, como S. Curry também nunca será, um grande guard – e, no que aos playoff diz respeito, talvez em breve tenhamos notícia que todo o talento dos Thunder, e a aparente facilidade com que R. Westbrook marca pontos, não sejam de novo suficientes para a conquista do título, com este último a enveredar pelas decisões mais disparatadas (e quase sempre individualistas) quando o jogo mais exige um melhor critério (o recente episódio com os Grizzles é um sintoma disso mesmo: a equipa não compreende as suas decisões, e o treinador só mantém a paciência porque o talento – dele e da equipa – vai chegando para uma regular season de sucesso).
Entretanto, os Golden State, com o seu jogo equilibrado, onde o talento é sustentado e potenciado pela organização de jogo de um verdadeiro base, tem já o playoff quase assegurado e o futuro, com a recente reentrada de Andrew Bogut na equipa, não podia ser mais prometedor. 

pmramires

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A "NEGRA" DEVIA TER OUTRA SOLUÇÃO...

Muito se fala da Verdade Desportiva e esta é posta em causa quando se decide um campeonato num jogo em casa contra o rival mais direto! Grande parte dos campeonatos que se decidem nos play-off são resolvidos na "negra" e para a atingir as equipas chegam empatadas em vitórias na final do play-off. O play-off disputa-se entre o 1º vs 8º, 2º vs 7º, 3º vs 6º e 4º vs 5º e por outro lado, a "negra" disputa-se sempre ao 5º jogo na casa da equipa vencedora da Fase Regular.

Como um campeonato, por norma, deve ser decidido entre todos as equipas e com o play-off é decidido numa final a 2, o que vai um pouco contra o que deve ser considerado o mais forte e regular entre os intervenientes deveria haver outra forma de se apurar o campeão nacional. Este sistema para conhecer o Campeão Nacional passa-se no Futsal, Basquetebol e Voleibol.


Jogar uma "negra" em casa traz vantagens óbvias como jogar perante o seu público e num pavilhão e ambiente favorável. Além, de que um dia mau num play-off ou na "negra", pode deitar a perder o trabalho de uma época inteira e também a injustiça de uma equipa que termina a Fase Regular em 1º, ser eliminada nos play-off quando fez 2 jogos menos conseguidos. Concordo que digam que o vencedor da Fase Regular tem que ter alguma vantagem perante os adversários passando, neste caso, pelo fator casa no último jogo mas há outra solução mais justa e que apura o mais regular (aí sim, no verdadeiro sentido da palavra) ao longo de todo o campeonato.

O campeão seria apurado depois da Fase Regular num mini-campeonato entre as 8 primeiras equipas no Futsal e as 6 primeiras no Voleibol e Basquetebol. As equipas em disputa do Campeonato veriam os seus pontos reduzidos para metade e jogariam entre elas com jogos em casa e fora. No término da Fase Regular e do Mini-Campeonato vencia a equipa mais forte e regular.

Ainda no ano desportivo transato, todas estas modalidades foram decididas na "negra" e à exceção do FC Porto no Basquetebol (perdeu 53-56 no Dragão Caixa) o fator casa sorriu ao vencedor da Fase Regular em Voleibol, Sporting de Espinho e em Futsal, Sport Lisboa e Benfica, o que espelha uma vantagem considerável em relação ao rival.
Para as equipas que lutam pela manutenção o sistema a aplicar seria exatamente o mesmo!

Acham que o molde para apurar o campeão devia ser alterado ou deve-se manter o mesmo formato?


M. Félix

domingo, 27 de janeiro de 2013

Contratos televisivos nos grandes


Nas últimas décadas, temos assistido a uma mudança de paradigma no futebol actual e longe vão os tempos em que os clubes apenas se governavam com receitas vindas da venda de jogadores ou de bilheteiras. Olhando para a lista elaborada pela credenciada agência de auditoria/consultoria inglesa, das receitas anuais dos principais clubes dos 5 melhores campeonatos europeus, observamos uma grande supremacia dos dois gigantes espanhóis face à concorrência. Nos casos do Real Madrid (479.5m€), pela oitava época seguida no topo e do Barcelona (450.7m€) pela quarta vez seguida no segundo lugar do pódio. O terceiro classificado da lista Manchester United aparece a uns incríveis (83.7m€) do Barcelona. Esta disparidade, em parte, é justificada pela enorme desproporcionalidade no peso dos contratos televisivos a favor dos dois clubes espanhóis. No campeonato espanhol esta discrepância é ainda mais assustadora. Olhando para o clube espanhol que se segue nesta lista da Delloitte, o Valência com 116.8m€ encontra-se bem longe dos quase 500m€ de receitas anuais do Real Madrid. 
O favorecimento destes dois clubes, quanto aos contratos televisivos é por demais evidente e neste campo a disparidade para os restantes ainda é maior, pois tanto Valencia como Atl. Madrid se encontram fora do Top 20 dos clubes com maiores receitas televisivas. Isto em parte pode justificar o que temos vindo a assistir no campeonato espanhol nos últimos anos, dois clubes milionários que lutam pelo título sem ninguém capaz de se intrometer nessa luta, restando apenas aos restantes clubes lutar pelos lugares europeus. 

Observando os restantes campeonatos, e pegando no exemplo da Premier League, estas discrepâncias já não são tão evidentes, visto que existe um “bolo” comum a todos os clubes e outra parcela é dividida consoante a classificação dos clubes no final do campeonato, juntando o número de transmissões que foram efectuadas. Este método parece não ser muito favorável aos clubes mais poderosos mas sem dúvida que ajuda a estabelecer um nível de competitividade bem mais elevado entre os clubes da Premier League. No caso da Bundesliga estas receitas televisivas já não têm tanto impacto, casos como Bayern que apenas 22% das suas receitas anuais provêem das receitas televisivas, Schalke (18%), Hamburgo (21%) e Dortmund que representa o “outlier” deste grupo de equipas do top-20 em termos de receitas televisivas com 31%. Comparar estes valores com os de outros campeonatos, no caso da Liga BBVA, Real Madrid (39%), Barcelona (37%), acontece semelhante nos clubes ingleses onde o Chelsea apresenta o valor mais elevado com 43%, Arsenal (37%), Machester United (33%), ou seja, entre 1/3 e 2/5 das receitas anuais destes clubes são provenientes de contratos televisivos. Na Serie A e Ligue 1, o caso ainda é mais preocupante, Inter de Milão (60%), A.C. Milan (51%) e Juventus (46%), Lyon (54%) e Marselha (52%) vêem as suas receitas anuais serem metade provenientes desses contratos.

Ao olharmos para estes dados, podemos afirmar que o sistema adotado pela Bundesliga é o ideal e o aconselhado a todos os clubes Europeus, mas também não nos podemos esquecer que a visibilidade de um campeonato alemão ainda não é o mesmo de um Inglês e até mesmo de um Espanhol, que dominam o mercado asiático aumentando as suas receitas globais com os novos contratos televisivos em quase 50%. Visto isto, é compreensível que vejamos os clubes alemães optarem por outros modelos de gestão para obterem receitas e não dependerem tanto de contratos televisivos. 

Será que esta disparidade de riqueza entre os clubes ditos “grandes” e os clubes de baixo da tabela vai continuar ou uma renegociação dos direitos dos contratos televisivos nestes campeonatos tornaria as coisas bem mais atrativas? Será que estes tais clubes “grandes” vão deixar isso acontecer? O exemplo de gestão a seguir será o observado na Bundesliga? Tudo isto, são questões que nos vamos colocar nos próximos anos, mas o que vale acima de tudo é que o interesse pelo futebol ao vivo nestes grandes campeonatos continua inabalável e os clubes ainda conseguem obter algum “incoming” das receitas de bilheteira. Pelo menos por agora.

JPereira

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Sonho de um Milionário


Considerada por muitos a liga mais atractiva e competitiva do mundo a Premier League tem como cartão de visita uma quantidade astronómica de jogadores de topo mundial. Este fenómeno apenas é possível devido ao grande poderio económico dos seus clubes, poderio esse que depende quase exclusivamente da "generosidade" dos seus donos.

Desde há muito tempo que é tradição em Inglaterra os clubes serem, ao contrário do que se passa em Portugal sendo o Beira-Mar a excepção à regra, detidos por indivíduos ou entidades privadas. Tudo isto era "banal" até aparecer um homem com um sonho...Esse homem, de seu nome Roman Abramovich chegou a Inglaterra com o sonho de ser Campeão da Europa. 
Com este objectivo em mente adquiriu um clube, o Chelsea, e desde contratações extravagantes a despedimentos com indemnizações superiores a orçamentos de muitos clubes portugueses, Roman deu uma nova vida a uma liga já por si muito agitada. Conhecido pelas suas excentricidades, muitas eram as expectativas dos adeptos dos Blues em relação a este novo "patrão do futebol", e ele não os desiludiu. 
Ora vejamos: Em Junho de 2003 chega ao futebol inglês adquirindo os Blues por 60 milhões de libras, com o clube vieram também 80 milhões de libras em dívida, valor esse que pagou rapidamente. Em seguida Roman foi "às compras", comprou ao Real Madrid o francês Claude Makélélé e o camaronês Geremi, ao Man. United Sebastian Verón, do Inter chegou Crespo, adquirindo ainda Arjen Robben, Joe Cole, Glen Johnson, Adrian Mutu e Wayne Bridge. Esta lista só não é mais extensa porque nomes como Alessandro Nesta ou Emerson, que foram abordados, não foram possíveis.
Nesse ano, época 2003/2004, os Blues terminam num espectacular 2º lugar na Premier League (melhor classificação dos últimos 49 anos), e após ultrapassarem o Arsenal nos quartos de final da Liga dos Campeões, caem frente ao Mónaco nas meias-finais. Poder-se-ia dizer que Abramovich teve sucesso, certo? Parece que não, o milionário queria mais. Para isso despediu Ranieri e contratou o então treinador vencedor da Liga dos Campeões, José Mourinho!! Adquiriu também Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Petr Cech e...Didier Drogba. Veio então uma época dourada para o clube e o seu proprietário. Entre 2004 e 2007, os Blues, com José Mourinho no comando, conquistaram duas Premiership, duas Carling Cup, uma Community Shield e uma FA Cup.

Contudo, mesmo depois de outras aquisições de peso como Ballack, Shevchenko, Essien, e Salomon Kalou, o "Sonho" continuava a escapar-lhe. Despede então Mourinho (pagando uma indemnização de loucos), e continua a fazer aquilo pelo qual já era conhecido: compras e mais compras.
Faz então chegar a Londres Malouda, Anelka, e tenta ainda Daniel Alves. Com Scolari chegam Bosingwa, Quaresma e Ivanovic, com Ancelotti Ramires, David Luiz e Fernando Torres.
Conquistam-se alguns títulos em Inglaterra, atingem-se algumas meias-finais e uma final perdida da Liga dos Campeões, mas o tão desejado título, nem vê-lo.
Em 2011 chegou então André Villas-Boas trazendo consigo uma Liga Europa e a pressão de ser um "mini-Mourinho", mas uns meses e uma indemnização multimilionária depois (mais uma), eis que chega ao comando dos Blues, Roberto Di Matteo, até então adjunto de Villas-Boas no clube!!
No começo a sua única missão era completar a época sem grandes esperanças, com a excepção da FA Cup e de um lugar de acesso à Liga dos Campeões para o ano vigente. Porém Di Matteo tinha outras ideias e no espaço de pouco mais de um mês leva os Blues a duas Finais, a FA Cup, que conquista mais tarde frente ao Liverpool por 2-1 e, após uma vitória muito suada frente ao FC Barcelona, a tão desejada final da Liga dos Campeões contra o gigante alemão Bayern de Munique. Nesse ano a final era jogada em casa do adversário no Allianz Arena, mas isso não intimidou Di Matteo e os seus pupilos e, após um empate a uma bola, o Chelsea conquista a sua 1º Liga dos Campeões batendo o Bayern por 4-3 nos penaltis. 

Nove anos e muitos milhões depois Roman Abramovich concretiza assim o seu sonho e é agora detentor de uma equipa vencedora da Liga dos Campeões. O sonho estava concretizado e o milionário feliz!! Já esta época, após uma série de maus resultados que deixaram a equipa em 3º lugar quer na Liga dos Campeões quer na Premier League, (no caso da Champions precisariam de uma combinação de resultados para prosseguir na competição), Di Matteo foi destituído do cargo dando lugar a Rafael Benítez, actual treinador de uma equipa com um dos patrões mais exigentes da Premier League.
Ninguém sabe qual será a próxima compra astronómica ou o próximo despedimento mediático, mas uma coisa é certa, Roman Abramovich não ficará por aqui, resta agora esperar para ver...

F. Nunes

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Voz do Adepto não vai deixar de lado a NBA!


Com o All-Star Weekend (este ano em Houston) no horizonte e a época regular a meio do caminho, decidimos fazer uma ronda pelas equipas de cada divisão. Esta semana vamos dar um salto à Conferência Este, mais concretamente à Divisão do Atlântico. 

New York Knicks (25-14) 
Os Knicks começaram a temporada imparáveis, mas têm sentido algumas dificuldades desde a lesão do base Raymond Felton. Continuam no entanto líderes da divisão, apoiados numa época fantástica de Carmelo Anthony(29.2ppj e 6.0rpj) e do seu poste Tyson Chandler(12.2ppj e 11.0rpj), melhor defensor do ano na época transata e um dos melhores ressaltadores da Liga. O shooting-guard J.R. Smith, também em época de afirmação, tem providenciado grande energia vindo do banco com os seus 17 pontos por jogo, 5 ressaltos e 3 assistências. Aliás, o banco tem sido um dos pontos fortes destes Knicks, com Steve Novak (exímio atirador de 3), Pablo Prigioni (base argentino que apenas aos 35 anos chega à NBA) mas também, Jason Kidd e Rassheed Wallace, a fazerem deste plantel um dos mais profundos e com mais qualidade da Liga. O regresso dos lesionados Amar´e Stoudemire e Iman Shumpert, fazem destes Knicks uma equipa ainda mais temível e um dos principais candidatos à final da Conferência Este. 

Brooklyn Nets (25-16)
Com a mudança de New Jersey para Brooklyn o dono dos Nets, o milionário russo Mikhail Prokhorov, conseguiu impulsionar o franchise levando-o para uma zona mais popular. Com o despedimento do treinador principal Avery Johnson, o treinador interino P.J Carlesimo assumiu o controlo da equipa e, muito bem! Os Nets levam um recorde de 9-1(vitórias-derrotas) desde que Carlesimo tomou as rédeas da equipa, o ataque melhorou substancialmente passando de uma média de 94.5 pontos marcados por jogo, para 102.9 pontos por jogo sob a sua alçada. Com um cinco base |D.Williams-Joe Johnson-G.Wallace-R.Evans-Brook Lopez| talento e experiência são os adjetivos que melhor caracterizam este conjunto. Parece-nos no entanto que elementos como M.Teletovic, M.Brooks e A.Blatche poderiam ter um papel mais decisivo na rotação da equipa. Os Nets seguem em segundo lugar no Atlântico e em quarto na Conferência Este e se nada de anormal acontecer estarão nos playoffs. Até onde pensa que podem chegar? 

Boston Celtics (20-20)
Orientados pelo treinador Doc Rivers e comandados dentro de campo pelo base Rajon Rondo, os Celtics perderam este ano o maior marcador de 3 pontos da história da NBA, Ray Allen, para os rivais Miami Heat. Em oposição chegaram J.Terry, C.Lee, Leandrinho Barbosa e o rookie J.Sullinger que permitiram um acréscimo de qualidade à equipa. Ultrapassadas as lesões, Jeff Green parece finalmente pronto para mostrar todo o potencial que lhe é atribuído e, tem-se revelado uma peça importante na rotação dos C´s este ano. Avery Bradley também regressou de lesão e tem ajudado nos processos defensivos da equipa. Apesar de Boston estar um pouco aquém do esperado para esta época, acreditamos que marcarão presença nos playoffs e que serão um osso duro de roer para qualquer adversário. Com dois All-Star em Houston este ano (Rondo e Garnett), seria de esperar uma melhor prestação de Boston? Ou com os novos elementos melhor adaptados, serão estes Celtics mais difíceis de derrotar? 

Philadelphia 76ers (17-24)
Com um recorde negativo, os 76ers têm sentido a falta da sua figura dos últimos anos, Andre Iguodala (actualmente nos Denver Nuggets), principalmente no desempenho defensivo. Se não vejamos, passaram de uma média de 89.0 pontos sofridos por jogo na época passada para 97.1 pontos esta temporada. No entanto, acreditamos que com o regresso anunciado de Andrew Bynum para Fevereiro, esta situação se vai alterar e as aspirações de um ida ao playoffs serão concretizáveis pelos Sixers. Em termos individuais, é de destacar a época fantástica que o base Jrue Holiday (19.2ppj e 8.9apj) tem realizado até ao momento, jogando a um nível All-Star e carregando os 76ers ás costas. De salientar também a confirmação do talento de Evan Turner (2º no draft de 2010) e as excelentes prestações de Thaddeus Young. Poderão os 76ers atingir os playofs com o regresso de Bynum? 

Toronto Raptors (15-26)
A equipa de Toronto tem sido atingida pelas lesões esta época, desde A.Bargnani a J.Valanciunas, até K.Lowry ou L.Fields, o azar tem batido à porta dos Raptors ao longo da temporada. Para piorar, perderam nove jogos em prolongamento ou por cinco pontos ou menos. Com metade destes jogos ganhos os Raptors estavam, nesta altura, num lugar de playoff. Posto isto, as coisas só podem melhorar para a única equipa canadiana na NBA. 

Quem será para o leitor o primeiro classificado da Divisão do Atlântico? E com o All-Star Weekend aí ao virar da esquina, se houvesse um cinco ideal por Divisão, quem escolheriam para representar o Atlântico? 

R. Magalhães

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Pep Guardiola e Bundesliga: O cocktail perfeito?


Numa competição num claro sentido emergente, a chegada de Pep Guardiola ao comando técnico do Bayern de Munique é perfeita para que esta alcance o reconhecimento que realmente merece. Estádios repletos semana após semana, ambientes únicos nas bancadas, futebol atraente com intérpretes de qualidade, são alguns dos cartões de visita da Bundesliga, único campeonato europeu ainda sem nenhuma equipa eliminada daquelas que iniciaram as provas da UEFA na temporada 2012/2013 (Bayern, B. Dortmund, Schalke 04, Bayer Leverkusen, Hannover 96, B. Monchengladbach e Estugarda).

Olhando a realidade do futebol europeu actual, a Bundesliga mostra que não são necessários patrões endinheirados que despendem milhões ano após ano na construção dos seus planteis, para obter sucesso (o Bayern é a única excepção, efectuando por vezes contratações para as quais despende elevadas quantias). Jogadores predominantemente alemães, um mercado interno que permite que os clubes efectuem negócios entre si, bem como empresas de tecnologia avançada e da industria automóvel (também elas alemãs) a investirem nos clubes, permite a criação de um ciclo fechado, com relações win-win para todas as partes, inclusive para os adeptos. 
Contudo, trata-se ainda de um campeonato um pouco fechado aos olhos de muitos. E aqui...Guardiola é a peça chave. Um treinador mediático, nome consensual no mundo futebolístico, com enorme potencial para transmitir à competição alemã aquilo que ela precisa: publicidade, mediatismo, foco na imprensa mundial. É uma aposta de risco, a que assumiu, mas que pode ser sinónimo de sucesso. Se Pep tem tempo para dominar a exigente língua germânica, além do facto do conjunto bávaro apresentar uma grande estrutura (à semelhança do Barcelona), é também verdade que arrisca-se a chegar a um conjunto mais do que campeão, e sendo ainda uma incógnita o que fará na Champions, é dos principais candidatos a atingir novamente a final da competição. Pode-se ter "livrado" de José Mourinho, mas há que contar com o sensacional B. Dortmund, orientado pelo não menos fantástico Jurgen Klopp.

Com a entrada do Fair-Play Financeiro imposto pela UEFA na temporada 2013/2014 (o que irão fazer os milionários patrões da Premier League?), com jogadores de origem asiática (garantia de milhões de telespectadores) nos respectivos planteis de doze equipas da primeira divisão (Bayern, B. Dortmund, Friburgo, Mainz, B. Monchengladbach e W. Bremen são as excepções), e principalmente clubes saudáveis financeiramente, a Bundesliga pode perfeitamente, num prazo de cinco anos atingir o nível de mediatismo da Premier League...e até mesmo superá-la. 

Aqui fica uma pequena demonstração do ambiente no estádio do B. Dortmund:



A. Carvalho

domingo, 20 de janeiro de 2013

Navegadores do Século XXI


Caso fosse possível analisar o código genético de um país, Portugal, dentro das imensas informações inscritas no seu ADN, teria uma que se destacava: o Mar. Vejamos, no século XV e XVI Portugal formou o primeiro império global da história através das suas longas cruzadas marítimas. Desde sempre, o mar é pintado, escrito e cantado por artistas lusos. As especiarias, aliadas ao marisco e peixe de alta qualidade, trazem a maresia aos nossos pratos, espelhando o esforço e a dedicação das comunidades piscatórias formadas ao longo da costa portuguesa. Não podemos negar, o mar corre nas "veias” do país, tornando a nossa cultura tão especial.

Atualmente, as antigas caravelas portuguesas, as mesmas que levavam Portugal ao Mundo, são confundidas por outro tipo de embarcações. Embarcações de formato diferente, que são utilizadas nas modalidades desportivas náuticas. Através do seu uso, estes navegadores tentam retirar sensações de prazer, adrenalina e superação, num desporto onde as regras da natureza imperam. Uma dessas modalidades é o surf. 

O surf, enquanto modalidade desportiva, surge em Portugal nos anos 70, cativando desde então um grande número de praticantes. Os milhares de quilómetros projetados ao longo do Oceano Atlântico estão repletos de excelentes ondas, dotadas de uma regularidade ímpar na prática desta modalidade. Se adicionarmos os fatores geográficos à “cultura marítima” do povo português, compreendemos o facto de Portugal somar ano após ano, feitos únicos no surf:

  • Pelo sexto ano consecutivo, Tiago Pires mantém-se no circuito mundial de surf Association Surfing Professional (ASP). Atletas como Vasco Ribeiro e Frederico Morais acumulam resultados fantásticos no circuito mundial de juniores, prevendo um futuro bem risonho ao surf nacional.
  • Desde 2009, Portugal, mais concretamente Peniche, recebe uma etapa do circuito mundial de surf da ASP. Para além de receber os 35 melhores surfistas do mundo, a cidade de Peniche hospeda um grande número de espetadores, que esgotam a lotação da cidade, beneficiando a economia local e nacional.
  • Em Outubro de 2012, é inaugurado o primeiro Centro de Alto Rendimento de Surf em Portugal. Para além deste, está prevista a inauguração de mais três, localizados em Viana do Castelo, Aveiro e Nazaré.
  • Em 2010, o município da Nazaré convida o surfista Garett Macnamara, a desenvolver um projeto de três anos intitulado de North Canyon. Logo no segundo ano do projeto, este surfou uma onda de 23, 77 metros na praia do Norte, batendo o recorde do Guiness e colocando a cidade de Nazaré no roteiro mundial do surf. Este facto levou a que em 2012, atletas como o campeão mundial Joel Parkinson e Kelly Slater, tenham surfado esta onda. 
  • Portugal recebe anualmente um grande número de turistas provenientes de todo o mundo, cativados essencialmente pela qualidade das ondas. Zonas como Peniche, Ericeira, Nazaré, Costa Vicentina Alentejana e Açores conseguem ter este tipo de turismo todo o ano.


Todo este potencial e trabalho desenvolvido levantam algumas questões: Numa altura em que a crise afeta gravemente o nosso país, poderá o surf principalmente através do turismo associado, alavancar a economia nacional? Quais as estratégias que deverão ser seguidas?
Estará na altura de voltar ao Mar, Portugal?


M.Ferreira

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